
“Vejo a arte através de dois conceitos essenciais:Primeiro, existe uma arte real, esta arte é a do supremo arquiteto, Deus. Que tudo criou e está em tudo. E segundo, existe a arte dos humanos, que se divide em três aspectos fundamentais, ciência, arte e religião, não podemos viver sem essa tríplice realidade. É o fazer humano, abaixo de tudo aquilo que Deus criou através da inteligência e do intelecto o homem consegue captar as coisas sensíveis e sublimes através de formas e cores;Se a arte do homem tem algum sentido, o único é sensibilizar outros. “
-De onde você é?
“Sou natural de uma pequena cidade chamada Urandi, BA, onde vivi os primeiros anos de vida. Aos seis anos, minha mãe toma a decisão de vir para São Paulo e, nunca mais voltei para minha cidade natal.”
-Quando foi o primeiro contato com a arte?
“Ainda guardo na memória os belos momentos em Urandi, quando ficava deslumbrado, observando meu avô Vicente modelando, fundindo, desenhando, fazendo ferramentaria e etc... Era maravilhoso ver meu avô dar forma em tudo que tocava com as mãos, jamais esqueci aqueles momentos. Meu primeiro entalhe foi um baixo relevo, em uma tábua de caixote. O tema era três pombas a primeira, pintada de branco, a segunda de vermelho e a terceira de cor preta. A professora da escola mista de Araçatuba, SP, elogiou e me deu nota máxima, e fez com que eu assinasse a minha primeira obra. Era tudo que precisava para me entregar definitivamente a aquilo que escolhi para me dedicar por toda vida.”
-Você estudou arte?
“Durante o período em que estudei em Colégio interno, aprendi entalhe com o professor Lima, ex-aluno de Cipicchia, responsável por trazer o entalhe para São Paulo.De 1949 a 1952, muito daquilo que vi meu avô fazer, passou a fazer parte dos meus estudos. Na escola Ramos de Azevedo do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo estudei desenho, modelagem, escultura, etc... Com os professores Galileu Emendabili e Vicente Larocca e outros. Posteriormente, quase no término da construção da catedral da Sé, SP, aprendi técnicas em pedra.”
-Qual é o seu estilo?
“Sou Artista contemporâneo, não sou propenso a modas, nem tão pouco oportunista. Aprofundei-me muito em pesquisas, com ferramental específico para técnicas em pedra, utilizadas nas minhas esculturas, estilo moderno. Uso mármores e granitos nacionais, por excelência a gama de cores dos nossos granitos são fantásticos e o nosso branco cristalino, quando puro é maravilhoso e meu preferido.Há 57 anos executo meu trabalho com seriedade, desde anatomia humana a animalística, etc...”
-Quais foram suas influências?
“Na época do Liceu o Emendabili me aconselhou: -“Franklin, sempre que fizer uma obra, faça-a da sua época.” Bem, aquilo foi uma grande dor de cabeça, pois vinha de uma escola acadêmica. A partir dali iniciei um longo período de pesquisa. Pesquisei da Mesopotâmia até a Arte Egípcia com seu frontalismo, a Antiguidade. As estátuas Votivas Korai e o grande escultor Fideas e todo o panteão de artistas gregos, chamaram muito a minha atenção. As Artes Colombiana, Africana, Asteca, Indígena Brasileira. E me detive muito na arte dos Carajás e no Folclore Brasileiro. Como gostei de conhecer o mestre Vitalino, não deixando de mencionar no Barroco Brasileiro, o mestre Aleijadinho e outros. No Renascimento: Michelangelo, Leonardo da Vinci, Cellini, Giovanni Bologna, Bernini, Falconet, Canova, Schadow e outros.No séc XIX e XX: Rodin, Brancusi, Jean Arp, Bárbara Hepwordth, Matisse, Maillol, Wotruba, Henry Moore, etc. A arte desses mestres é algo apaixonante e não tenho dúvidas em dizer de alguma maneira, todos eles me influenciaram. Essa pesquisa foi necessária, para que pudesse me situar e achar o meu caminho como artista, pois não sei fazer outra coisa.”
-Como você desenvolve a sua obra?
“Minha obra surge das observações e pesquisas da natureza, formação das rochas, animais, pessoas, etc... Tenho como hobby, fotografar tudo que me chama a minha atenção. O tempo de criação e execução de uma obra é como uma gestação bem cuidada com muito carinho e dedicação”.
-Porque você não fez nenhuma exposição individual?
“Sou um artista que vive da arte, não para a arte. Nas coletivas especiais eu participei de todas e o outro motivo foi que surgiu uma oportunidade, trabalhei de 1993 a 2004 exclusivamente com marchand dos EUA, e não foi possível juntar obras ao mesmo tempo. Estou me preparando para uma individual em escultura para 2008”.
-E a critica de arte brasileira?
“A critica no Brasil, sobre artes plásticas, geralmente é expressa de forma meiga e doce. Porém, muito apegada a conceitos filosóficos da arte do séc XVIII, para cá, sempre conivente com a realidade atual. Critico é critico, artista é artista, portanto não tenho nada de que me queixar”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário