quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Algumas obras










Germinação


Qualquer semente exposta ao sol, com um pouco de água, inicia a germinação, poderá ser, um carvalho, uma macieira, um abacateiro, um coqueiro, etc. Percebi que o sol, a água e a terra, esses três elementos favorecem o despertar do átomo e a excitação das moléculas, e desse fenômeno se dá o inicio da germinação. A idéia de pesquisar sobre a germinação se deu há uns 20 anos atrás, quando assisti ao nascimento de meu filho e percebi a dor e a alegria de minha mulher, isto ficou gravado em minha memória. A partir daí comecei a imaginar. A união de duas partes: o masculino e o feminino geram um terceiro ser, compreendi que toda a natureza obedece ao mesmo processo. Para compreender melhor, a sabedoria universal nos diz que a nossa dialética foi formado na seguinte ordem; o reino mineral, o reino vegetal, o reino animal e o reino hominal, esta é a natureza, assim é o nosso mundo, tudo germina, tudo floresce e tudo fenece. Não tem nada nesta natureza que fuja desta realidade dialética. A semente germina, suas raízes se entrelaçam na terra, (epigéia e hipógea) uma crescendo em direção à superfície, rompe o solo, e surge na forma de um broto e busca na atmosfera o seu alimento através da fotossíntese, a outra busca nos minerais da terra, tudo que necessita para seu crescimento. A natureza é a mãe de todas as formas e todas as coisas, baseando-me nela, e consegui trazer uma delicada expressão da germinação. Neste sentido surgiu a idéia de transformar a filosofia estética numa realidade escultórica. Não é uma estética nova ou uma nova escultura, pois na tridimensionalidade a natureza está repleta de coisas belas, escondidas nas sementes e em todas espécies e seres. Voltei à natureza, a observei, procurei elementos escondidos em sua particularidade. Quanto as suas belezas naturais e delicadas, esteticamente, representam em uma expressão escultórica. Não dei nome a elas e nem apelido simplesmente numerei-as. Não descansei ainda, continuo trabalhando, trabalhando e trabalhando... Pesquisando todos os elementos que germinam, fora de mim e dentro de mim. Porque em mim algo também germina. Espero em Deus que isto possa nascer.


A.Franklin

Entrevista para arte

-O que é arte para você?


“Vejo a arte através de dois conceitos essenciais:Primeiro, existe uma arte real, esta arte é a do supremo arquiteto, Deus. Que tudo criou e está em tudo. E segundo, existe a arte dos humanos, que se divide em três aspectos fundamentais, ciência, arte e religião, não podemos viver sem essa tríplice realidade. É o fazer humano, abaixo de tudo aquilo que Deus criou através da inteligência e do intelecto o homem consegue captar as coisas sensíveis e sublimes através de formas e cores;Se a arte do homem tem algum sentido, o único é sensibilizar outros. “


-De onde você é?


“Sou natural de uma pequena cidade chamada Urandi, BA, onde vivi os primeiros anos de vida. Aos seis anos, minha mãe toma a decisão de vir para São Paulo e, nunca mais voltei para minha cidade natal.”


-Quando foi o primeiro contato com a arte?


“Ainda guardo na memória os belos momentos em Urandi, quando ficava deslumbrado, observando meu avô Vicente modelando, fundindo, desenhando, fazendo ferramentaria e etc... Era maravilhoso ver meu avô dar forma em tudo que tocava com as mãos, jamais esqueci aqueles momentos. Meu primeiro entalhe foi um baixo relevo, em uma tábua de caixote. O tema era três pombas a primeira, pintada de branco, a segunda de vermelho e a terceira de cor preta. A professora da escola mista de Araçatuba, SP, elogiou e me deu nota máxima, e fez com que eu assinasse a minha primeira obra. Era tudo que precisava para me entregar definitivamente a aquilo que escolhi para me dedicar por toda vida.”


-Você estudou arte?


“Durante o período em que estudei em Colégio interno, aprendi entalhe com o professor Lima, ex-aluno de Cipicchia, responsável por trazer o entalhe para São Paulo.De 1949 a 1952, muito daquilo que vi meu avô fazer, passou a fazer parte dos meus estudos. Na escola Ramos de Azevedo do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo estudei desenho, modelagem, escultura, etc... Com os professores Galileu Emendabili e Vicente Larocca e outros. Posteriormente, quase no término da construção da catedral da Sé, SP, aprendi técnicas em pedra.”


-Qual é o seu estilo?


“Sou Artista contemporâneo, não sou propenso a modas, nem tão pouco oportunista. Aprofundei-me muito em pesquisas, com ferramental específico para técnicas em pedra, utilizadas nas minhas esculturas, estilo moderno. Uso mármores e granitos nacionais, por excelência a gama de cores dos nossos granitos são fantásticos e o nosso branco cristalino, quando puro é maravilhoso e meu preferido.Há 57 anos executo meu trabalho com seriedade, desde anatomia humana a animalística, etc...”


-Quais foram suas influências?


“Na época do Liceu o Emendabili me aconselhou: -“Franklin, sempre que fizer uma obra, faça-a da sua época.” Bem, aquilo foi uma grande dor de cabeça, pois vinha de uma escola acadêmica. A partir dali iniciei um longo período de pesquisa. Pesquisei da Mesopotâmia até a Arte Egípcia com seu frontalismo, a Antiguidade. As estátuas Votivas Korai e o grande escultor Fideas e todo o panteão de artistas gregos, chamaram muito a minha atenção. As Artes Colombiana, Africana, Asteca, Indígena Brasileira. E me detive muito na arte dos Carajás e no Folclore Brasileiro. Como gostei de conhecer o mestre Vitalino, não deixando de mencionar no Barroco Brasileiro, o mestre Aleijadinho e outros. No Renascimento: Michelangelo, Leonardo da Vinci, Cellini, Giovanni Bologna, Bernini, Falconet, Canova, Schadow e outros.No séc XIX e XX: Rodin, Brancusi, Jean Arp, Bárbara Hepwordth, Matisse, Maillol, Wotruba, Henry Moore, etc. A arte desses mestres é algo apaixonante e não tenho dúvidas em dizer de alguma maneira, todos eles me influenciaram. Essa pesquisa foi necessária, para que pudesse me situar e achar o meu caminho como artista, pois não sei fazer outra coisa.”


-Como você desenvolve a sua obra?


“Minha obra surge das observações e pesquisas da natureza, formação das rochas, animais, pessoas, etc... Tenho como hobby, fotografar tudo que me chama a minha atenção. O tempo de criação e execução de uma obra é como uma gestação bem cuidada com muito carinho e dedicação”.


-Porque você não fez nenhuma exposição individual?


“Sou um artista que vive da arte, não para a arte. Nas coletivas especiais eu participei de todas e o outro motivo foi que surgiu uma oportunidade, trabalhei de 1993 a 2004 exclusivamente com marchand dos EUA, e não foi possível juntar obras ao mesmo tempo. Estou me preparando para uma individual em escultura para 2008”.


-E a critica de arte brasileira?


“A critica no Brasil, sobre artes plásticas, geralmente é expressa de forma meiga e doce. Porém, muito apegada a conceitos filosóficos da arte do séc XVIII, para cá, sempre conivente com a realidade atual. Critico é critico, artista é artista, portanto não tenho nada de que me queixar”.

Crítica sobre as obras de "Alvaro Franklin"



















Mario Chamie


A escultura de Franklin é despojada e elegante, uma síntese perfeita entre a imagem do objeto e sua coerente unidade. Sua opção artística transcende seu trabalho para refletir sua própria vida – homem e artista em total sintonia.
A escultura em geral e a escultura brasileira em particular sofreram, nas duas últimas décadas, uma espécie de retratação de prestígio. Essa retratação não ocorreu em conseqüência de sua eventual perda de significado e atualidade artística. Talvez tenha ocorrido em função das próprias transformações internas que atingiram a escultura, depois das revoluções da primeira metade deste século. Essas transformações não foram apenas as do material de trabalho escultórico, mas, sobretudo das concepções de massa e volume, forma e movimento, espaço e uso aplicadas sobre ele.
Nesse sentido, ficamos perplexos diante do abismo que separa “peso” de Henry Moore a leveza de Calder; ou a da leveza de Calder a monumentalidade provisória de Christo, que “empacota” edifícios, pontes e montanhas.
Em termos mais nossos, ficamos também perplexos em verificar que, depois do surto modernismo com Brecheret, Bruno Giorgi e outros, nos diversificamos entre abstrações racionalistas e retornos a mitos folclóricos e estilizados, indo da limpeza metálica de Franz Weissmann à beleza densa e primitiva de Stockinger.
A aparente retratação no mercado de arte da escultura talvez tenha, portanto, decorrido do excesso de mudanças e caminhos.Hoje, diante da diversidade mais ou menos adversa, o que parece contar mais é à contribuição pessoal do artista que não se perde no emaranhado da busca, e que ao mesmo tempo sabe se encontrar simplicidade clarividente de suas soluções.
Um artista a quem desde já somos devedores, pela humildade quase anônima de seu trabalho e pela eloqüência original de seus resultados, é o escultor Álvaro Franklin da Silveira.
No panorama da mais nova escultura brasileira, a sua contribuição – que não pode e nem deve ser continuar da obscuridade – se impõe sem alarde e com a segurança de quem conhece a linguagem que constrói.
A linguagem de Franklin não é dissociada do mundo sensível e das suas correspondências plásticas e simbólicas. A fidelidade de Franklin a esse mundo o leva a contemplação e ao domínio objetivo de suas linhas, superfícies e inter-relações internas. A prova maior disso está em que, antes de fazer uma peça, Franklin fotografa e documenta o seu paralelo e “similar” do mundo exterior e natural. Depois, estuda o documento e a foto, analisando as suas possíveis analogias de movimento e espaço. Essas analogias é que vão lhe inspirar a criação de um protótipo sobre o qual irá elaborar e produzir sua escultura.
A obra deste artista surpreendente é assim, composta de objetos e de relações entre objetos, como se fossem seres vivos de uma segunda natureza. Uma natureza, diga-se aqui, rica, viva e cheias de descobertas.
A escultura brasileira tem, pois, em Franklin um artista que, através do granito, do mármore, do ônix ou da madeira, testifica a sua força e a esperada restauração do seu abalado prestígio.

ALVARO FRANKLIN DA SILVEIRA


ALVARO FRANKLIN DA SILVEIRA
(Urandi, BA, 1935)

Com seu avô aprende modelagem para a fundição a terra serviço de forjaria.
1948-1949 - Estuda entalhe no SENAI em São Paulo.
1949-1953 - Estuda modelagem e escultura no Liceu de Artes e Ofícios, no curso de Arquitetura.
1955-1956 - Curso de especialização de Artes Plásticas e História da Arte.
1957-1959 - Transfere-se para o RS e neste período pesquisa a arte indígena,africana,latina,etc...
1959-1968 - Passa a dedicar-se à cerâmica artística, trabalhando com crianças, ao mesmo tempo em que estuda Filosofia na Universidade Católica de Pelotas e ensina artes plásticas e história da arte no Colégio Santa Margarida, Pelotas- RS, onde desenvolve também a escultura e a modelagem.
1969-1970 - Faz pinturas e esculturas participando de exposições no interior de São Paulo, a convite do SESC e
da Secretaria de Turismo de São Paulo.
1975 - Dedica-se exclusivamente a escultura.
- Torná-se um dos artistas exclusivos de Renato Magalhães Gouvêa – Escritório de Arte.
1978 - Participa em Penápolis do 3º Salão de Artes Plásticas do Noroeste – 1º Encontro do Escultor.
1979 - Exposição coletiva “Arte no Brasil – Uma História de V Séculos”, Museu de Arte de São Paulo.
- Exposição coletiva “Eros/Mostra de Arte” na Galeria de Arte Aplicada – SP.
- Exposição coletiva “Múltiplos e Objetos”, na Galeria Múltipla de Arte, SP.
- Exposição coletiva “escultura Brasileira”, na Artes-paço, representante exclusiva em Recife, de
Renato Magalhães Gouvêa – Escritório de Arte.
- Exposição coletiva no banco Francês e Italiano,SP.
1980 - Estiliza o símbolo e passa a executar projetos de Arte para a Duratex.
- Participa do IV Salão de Antiguidades.
- Exposição coletiva de Escultores no Centro de Convivência Cultural, no Paço das Artes, na
Prefeitura Municipal de Campinas, SP.
1982 - Participa da Exposição “Um século no Brasil”, no Museu de Artes de São Paulo.
1984 - Exposição coletiva – Galeria Ulieno, em Ribeirão Preto, SP.
1985 - Entrega do Monumento ´´Graal`` a Escola Internacional Rosacruz Áurea-MG
1986 - Exposição coletiva – “Mármores” Arte Aplicada, São Paulo.
1987 - Coletiva “10 Paulistas em Brasília”, promovido pela Pronav/LBA, Brasília – DF.
1989 - A convite da Salles Inter Americana de Publicidade executa 70 esculturas exclusivas no bronze.
1992 - Coletiva ´´Da origem da Vida`` – Galeria André, SP
1993-2004 - Trabalha com exclusividade para colecionador Dom Cláudio Alonso, EUA.
1995 - Executa várias esculturas no mármore, para a Ala nova do Hospital Israelita “Albert Einstein”,SP
1999 - Participa do Clube da Escultura Especial “Coleção Millenium”, com 25 esculturas no mármore,
a convite da Galeria Skultura,SP
2002 .- Entrega do Monumento “Ligação do Hemisfério Norte e Sul” a Escola Internacional Rosacruz
Áurea – SP.
2005 - Participa de exposição coletiva ´´Caminhos Vários`` na Galeria de Arte André,SP.


Trabalha atualmente em São Paulo com as Galerias de Arte André, Arte Aplicada,
Arte Infinita e Contorno artes, RJ.Com obras em coleções particulares na França, Espanha, Itália, Holanda, Arábia Saudita e EUA.